As três deidades mais importantes da sampradaya de Sri Caitanya Mahaprabhu são as seguintes: Sri Sri Radha-Madana-mohana, Sri Sri Radha-Govinda e Sri Sri Radha-Gopinatha. Essas três deidades foram instaladas a cerca de cinco mil anos na área de Vraja (Vrindávana) pelo bisneto de Krishna, Vajranabha, logo após a partida do Senhor Krishna desse planeta. Vajranabha estabeleceu pequenos templos e deidades de Krishna para registrar os locais das lilas de Krishna. Com o tempo, essas deidades foram abandonadas e perdidas no meio do matagal e da floresta. Sri Caitanya ordenou que seis dos seus mais importantes discípulos, os seis Gosvamis, se estabelecessem em Vrindávana para fazer o levantamento dos locais de passatempos de Krishna. Muitas dessas deidades foram então reencontradas e devidamente instaladas em templos.

Existem três aspectos fundamentais no processo da consciência de Krishna: 1) Sambandha-jnana (o conhecimento de nossa relação eterna com Krishna), 2) Abhidheya (o processo de se conectar co Krishna: bhakti-yoga) e 3) Prayojana (a meta última: Krishna-prema-bhakti). Sri Sri Radha-Madana-mohana é a deidade que rege Sambandha-jnana; Sri Sri Radha-Govinda rege Abhideya e Sri Sri Radha-Gopinatha, Prayojana.

Aguns dos Gosvamis de Vrindávana construíram belíssimos templos para as deidades que foram encontradas e Vrindávana ressurgiu como um dos mais importantes lugares de peregrinação. Com o passar do tempo, um governante muçulmano da região causou muitos problemas para os Vaishnavas. Os templos foram profanados e as deidades tiveram que ser removidas às pressas. Acontece que no estado vizinho, Rajastan, os reis locais eram todos Vaishnavas e generosamente acolheram todas essas deidades que estavam em perigo na área de Vrindávana. Essas deidades foram então transferidas para outros lugares, fora de Vrindávana e estão, assim, até hoje.

Os seis Gosvamis de Vrindávana são: 1) Srila Rupa, 2) Srila Sanatana, 3) Srila Jiva, 4) Srila Gopala Bhatta, 5) Srila Raghunatha Dasa e 6) Srila Raghunatha Bhatta Gosvamis.

Existem sete templos principais em Vrindavana, estabelecidos por alguns dos Gosvamis e outros devotos proeminentes. Os sete templos principais são:

1) Sri Radha-Madana-mohana, de Srila Sanatana Gosvami
2) Sri Radha-Govinda, de Srila Rupa Gosvami
3) Sri Radha-Gopinatha, de Sri Madhu Pandita
4) Sri Radha-Damodara, de Srila Jiva Gosvami
5) Sri Radha-ramanaji, de Srila Gopala Bhatta Gosvami
6) Sri Radha-Shyamasundara, de Shyamananda Prabhu
7) Sri Gokulanandaji, de Srila Vishvanatha Gosvami

SRI SRI RADHA-MADANA-MOHANA

(foto 01) Essa é a original deidade Sri Madana-mohana. Esta deidade foi adorada por Srila Sanatana Gosvami. Encontra-se, atualmente, num imponente templo numa pequena cidade do Rajastan chamada Karauli.

Embora não exista total confirmação, é dito que a deidade de Madana-mohana foi encontrada por Sri Advaita Acharya. Depois, ela ficou sob os cuidados de uma família em Mathura. Uma vez Srila Sanatana Gosvami viu essa deidade e ficou tremendamente atraído. Por sua vez, Madana-mohana, em sonho, pediu ao devoto que a cuidava, que fosse entregue aos cuidados de Sanatana Gosvami. Este argumentou que não tinha residência fixa, nem meios para manter a adoração da deidade, mas o devoto contra-argumentou que essa era a vontade do próprio Senhor e deveria ser acatada. Sanatana Gosvami então trouxe Madana-mohana para seu bhajana-kutir (lugar de meditação) que era no topo de uma pequena colina, às margens do rio Yamuna. E assim, Sanatana Gosvami e sua deidade viviam, praticamente ao relento. Como oferenda, o Gosvami amassava um pouco de farinha de trigo com água, deixava por alguns minutos no fogo e oferecia à deidade. é dito que a deidade realmente comia a oferenda, que era oferecida com todo amor e devoção. Mas, após algum tempo, Madana-mohana cansou-Se de tal austera dieta e disse: “Não dá para servir outros tipos de preparação? Todo dia é a mesma coisa, sem nenhum atrativo. Por favor, arranje outro tipo de oferenda para Mim.” Sanatana Gosvami respondeu dizendo que não seria possível, pois ele tinha que escrever muitos livros, pois esta era a ordem de Seu mestre, Sri Caitanya, e não tinha tempo para correr atrás de recursos, nem cozinhar. Que Madana-mohana tivesse paciência e se contentasse com aquilo que ele podia oferecer. Disse, então, que se a deidade quisesse realmente melhores condições, que então Ela deveria fazer Seus próprios arranjos. O arranjo foi, por fim, realizado. Uma noite, um barco que descia o rio Yamuna na direção da cidade de Agra, encalhou num banco de areia. O dono do barco ficou muito apreensivo, pois em tal lugar ermo seria inevitavelmente vitima dos assaltantes, que roubariam sua valiosa carga. Ele viu uma luz no alto da colina e foi buscar ajuda. Sanatana Gosvami examinou a situação e viu que não podia fazer nada para ajudar o comerciante. Então disse: “Essa é sua única chance. Ore para Sri Madana-mohana”. Passado pouco tempo, o tempo mudou, começou a chover muito forte, o rio cresceu e o barco se soltou. O comerciante ficou tão agradecido à deidade que, depois de ter vendido toda sua mercadoria na cidade, voltou ao local e ofereceu-se para construir um belo templo para Sri Madana-mohan e patrocinar Sua adoração.

(foto 02) Sanatana Gosvami fazendo sua austera oferenda a Sri Madana-mohana.

(foto 03) O imponente templo de Sri Madana-mohana construído no alto da colina.

(foto 04) Na parte de trás do templo, vemos o bhajana-kutir de Srila Sanatana Gosvami.

(foto 05) Aspecto da entrada principal do templo.

(foto 06) Junto ao templo, está o samadhi-mandir de Srila Sanatana Gosvami. Lá seu corpo foi depositado em samadhi. Ao redor deste samadhi, existem outros samadhis de devotos importantes da linha de Sri Caitanya, como Sri Chandrashekara Acharya e Sri Tapana Misra, pai de Raghunatha Bhatta Gosvami.

(foto 07) Essa peça esculpida no interior do samadhi-mandir indica o exato local em que o corpo do devoto puro foi depositado.

(foto 08) Como varios outros templos importantes em Vrindávana, o Madana-mohana Mandir também foi alvo dos ataques de muçulmanos inimigos dos Vaishnavas. Os templos assim profanados não receberam mais deidades importantes. Para manter esses lugares de adoração, templos “novos” foram construídos, principalmente por alguns piedosos marajás de Rajastan. Isso ocorreu a uns 250 anos atrás. Aqui vemos o “novo” Sri Madana-mohana Mandir. Embora “novos”, esses templos carecem de conservação e estão sendo consumidos pelo tempo e descaso.

(foto 09) Esta é a pratibhu-murti de Sri Sri Radha-Madana-mohana. Pratibhu-murti é a deidade substituta. é considerada como não sendo diferente da própria deidade original. Sri Madana-mohana é fácil de ser identificada, pois devido à acentuada inclinação do corpo da deidade, a flauta de Krishna fica apontada para cima.

Purushatraya Swami