O Dilema dos Jovens (Parte 2)
Purushatraya Swami

“Só sei o que não quero”

Muitos jovens não conseguem enquadrar-se no sistema. Em geral, eles não têm uma orientação adequada por parte dos pais e professores. Outros fatores que contribuem para o desajuste são os problemas econômicos e sociais do meio em que vive, a própria fraqueza de caráter, o desleixo nos estudos, o uso de drogas, a má associação, etc. Esses não se atraem, tampouco, pela via alternativa. Hoje em dia, um número assustador de jovens, mesmo de classe média para cima, acaba caindo no narcotráfico. Os universitários, principalmente os “filhinhos de papai” são disparado o melhor mercado. Por outro lado, existem jovens que, aparentemente, tem tudo para “vencer na vida”, mas algo dentro de si os impelem em outra direção. Não conseguem ajustar-se.

Uma situação muito comum que o jovem se depara é que consegue ter a percepção daquilo que não quer fazer, mas não consegue definir o que quer fazer. Só sabe o que não quer, mas não sabe o que vai fazer em sua vida—fica em dúvida para decidir que direção tomar e definir o que seria o melhor para ele. Conheço muito bem essa fase, pois vivi essa experiência quando jovem. É uma fase de muitas incertezas, confusão mental e ansiedades. O jovem se vê perdido. Trata-se de uma situação muito delicada, pois, quando isso ocorre, ele muitas vezes não recebe o devido respaldo no nucleo familiar. Os pais, em geral, não estão preparados para uma situação dessas. Não sabem como agir apropriadamente nesse caso. Querem impor modelos estereotipados, baseados exclusivamente na convenção social e no status quo. Ficam perplexos e desgostosos e apelam, muitas vezes, para chantagem emocional ou, se têm condições financeiras, para barganhar ao oferecer coisas atrativas, como veículos, viagens e outras regalias. Muitas vezes os filhos recuam de seus planos para não causarem desgostos aos pais ou então se deixam vender pelas ofertas da barganha. Os pais, por seu lado, satisfazem seus egos ao sentirem que são os “controladores” dos filhos. Soluções como essas são paliativas, não resolvem os problemas. O problema em si permanece e a situação tende a piorar cada vez mais. O resultado é que o relacionamento pais-filhos tende a ficar totalmente comprometido e todos sofrem.

Somente quando os pais conseguem realizar e respeitar a individualidade dos filhos, seja por visão filosófica, ou mesmo, por bom senso, poderão apóiá-los e orientá-los conforme suas inclinações pessoais e, assim, o jovem terá muita chance de tornar-se uma pessoa adulta consciente e madura, preparada para enfrentar com segurança todas as situações da vida. Para isso, os pais devem ter uma estrutura moral íntegra e forte. Devem ser os exemplos ideais para os filhos. O “faça o que eu digo e não o que faço” definitivamente não funciona.

Famílias funcionais e disfuncionais

Um psicólogo americano, John Bradshaw, tornou-se especialista em questões familiares. Escreveu o best-seller “On Family” (Em Família). Para ele, existem, basicamente, dois tipos de famílias: as funcionais e as disfuncionais. Na família funcional, existe harmonia, confiança, cooperação, respeito e maturidade nas relações entre os pais e filhos, mesmo nas horas mais difíceis. Nas disfuncionais, as relações são distorcidas. Para exemplificar uma família funcional, ele contou a história de uma família de cinco membros que, num passeio pela cidade, a caçulinha de dois anos foi atropelada na frente de todos, sem que pudessem fazer nada para evitar o acidente. Morreu na hora. Desnecessário dizer que ficaram literalmente arrasados. A fim de não caírem no desespero e depressão profunda, resolveram, apoiando-se mutuamente, tentar superar juntos essa situação extremamente grave. Ninguém ficou jogando a culpa no outro, como muitas vezes acontece em casos assim. Ou então, tentando esquecer de tudo ao apelar para o álcool ou drogas. Não. Trataram de fortalecer os relacionamentos entre eles e assim, juntos, puderam superar essa extrema crise sem desestabilizar a família.

Quanto às famílias disfuncionais, Bradshaw divide em três tipos: autoritárias, caóticas e corruptas. Nas famílias autoritárias, os pais excedem-se em sua autoridade sobre os filhos ao impor normas por demais rígidas e, não raro, apelando para a “lei da chibata”. Tudo isso, muitas vezes, devido ao excesso de zelo em querer que os filhos sejam pessoas exemplares. A relação pais-filhos é geralmente ‘negociada’ em acordos do tipo: “Para merecer meu amor, deves obedecer-me sem questionar”. Em geral, o “tiro sai pela culatra” e muitos jovens, vítimas desse modelo disfuncional, tornam-se rebeldes e carentes. No segundo tipo, as famílias caóticas, a estrutura familiar está desbalanceada. O caso mais comum é da separação dos pais. Hoje em dia, exceção são as famílias estruturadas!... Outra situação é quando um dos cônjuges é um alcoólatra. Em qualquer situação, o relacionamento emocional normal entre marido e esposa não ocorre em forma saudável e, assim, tanto um quanto o outro procurará suprir essa carência emocional com algum filho ou filha, geralmente os mais velhos. A estrutura familiar fica desequilibrada. Existe carência afetiva por todos os lados. A relação ‘amorosa’ em geral se dá na seguinte base: “É necessário que me ames. Amar-te-ei se me amares”. Bradshaw diz que é bastante comum o caso de um dos filhos, numa compensação ao desajuste na família, tornar-se uma pessoa muito séria e responsável. Por outro lado, um outro filho geralmente cai nas drogas e más companhias, e se afunda. O referido psicólogo diz que é exatamente este que une a família. Quando tal filho está metido em encrenca séria, essa é a única hora em que o pai e a mãe param para conversar para tentar resolver o problema. No terceiro tipo, o caso de uma família corrupta, o que vale é manter externamente as aparências, pois, por dentro, só há podridão. Os escândalos e tramóias são devidamente abafados para não comprometer o ‘bom nome’ da família. Para manter as relações dos membros da família é feito um pacto: “Temos de nos amar e ficarmos juntos, e mentir uns pelos outros”. Isso acontece com certa freqüência em famílias mundanas abastadas.

É muito comum o caso de um jovem que tem problemas familiares identificar-se e solidarizar-se com os problemas de uma jovem que passa por situações semelhantes, ou vice-versa. Por fim, acabam casando-se. No início da relação tudo é um ‘mar de rosas’, mas logo logo seus problemas individuais não resolvidos entram em cena e as vítimas da “pedagogia tóxica” da infância passam a ser os protagonistas da perpetuação da disfunção familiar. Bradshaw, que foi vítima de dinâmicas disfuncionais em sua própria família, afirma que a única maneira da pessoa livrar-se da condição disfuncional é afastando-se radicalmente do envolvimento familiar. Caso contrário, tal disfunção tende a se perpetuar e passar para as gerações seguintes. Após um período de afastamento, longe da família, se o jovem conseguir superar-se das mazelas causadas pela “pedagogia tóxica” que foi vítima durante a infância e adolescência, poderá voltar e exercer uma influencia positiva em sua família e, dessa forma, neutralizar os fatores disfuncionais.

As últimas décadas

Minha experiência em trinta anos lidando com jovens mostra que, de vinte e tantos anos para cá, a mentalidade dos jovens sofreu uma sensível mudança. Vou mostrar aqui algumas tendências que prevaleceram entre os jovens nas últimas décadas, principalmente aquelas que mais aproximaram jovens ao movimento Hare Krishna.

Nos anos sessenta, a onda jovem mais predominante foi o movimento hippie, onda essa que começou nos Estados Unidos. O pessoal rebelou-se contra a guerra no Vietnam e contra o status quo, o american way of life, símbolo da opulência e progresso material. Essa mentalidade espalhou-se pelos jovens do mundo. No Brasil muitos jovens adotaram esse modelo colorido de vida despojada de convenções. Sonhava-se com um mundo de “paz e amor”— “paz” para curtir as viagens psicodélicas de LSD e “amor” para curtir o sexo livre, sem responsabilidades e deveres. Muitos não conseguiram aterrissar de suas “viagens” e outros tantos se degradaram bastante. Mas, também, houveram uns tantos que sinceramente buscavam algo espiritual. Foi nesse cenário que Srila Prabhupada começou seu movimento no Ocidente.

Depois da onda hippie, tivemos aqui no Brasil, nos anos setenta, a onda alternativa. Supunha-se que, por simplesmente ir para o campo e viver em comunidades, todos os problemas da vida seriam resolvidos. A Natureza era valorizada e seu caráter sagrado era enfatizado. Muitas terapias naturais e meditações de origem oriental surgiram nessa fase. O yoga entrou no cenário. A macrobiótica era muito apreciada. Valorizavam-se muito as culturas milenares e indígenas. Muitas comunidades surgiram.

Apesar desse boom, praticamente todas as iniciativas comunitárias sucumbiram. Qual teria sido o motivo desse fracasso? Vejo duas causas principais: os conflitos de egos e despreparo generalizado. Existem critérios para se viver comunitariamente. Só aqueles que estão sintonizados num ideal comum, que inspiram confiança mútua e que sabem conviver em harmonia, estão qualificados a participar de um convívio comunitário. A outra causa óbvia do fracasso das comunidades foi o despreparo individual e coletivo. O estilo de vida alternativa exige, na verdade, muito preparo. Manter-se no campo não é fácil para ninguém, mesmo para aqueles que nasceram no campo, quanto mais para quem vem de um background urbano. Nessa onda alternativa, muitos jovens rejeitaram a vida do sistema, mas não conseguiram se firmar na vida alternativa. Os mais capazes tiveram que reintegrar-se no sistema e colocar terno e gravata de novo, enquanto que os mais relaxados ficaram marginalizados, mendigando migalhas do sistema— os chamados “bichos-grilo”. Houveram, no entanto, muitos jovens que nutriam certo idealismo e atração pela espiritualidade. Nesse cenário começou o movimento no Brasil.

Nessa fase, o movimento Hare Krishna cresceu muito. Os templos não davam conta de abrigar tantos brahmacaris e brahmacarinis. Dormia-se pelo chão, até pelos corredores. A vida era austera, mas havia muito entusiasmo. Todavia, nem todos se adaptavam à vida monástica e “blupiavam”, como se costumava dizer com relação àqueles que abandonavam o templo. Mas isso não constituía um sério problema, pois sempre havia novos candidatos chegando e os ashrams continuavam sempre cheios.

As coisas mudaram

De uns tempos para cá, no entanto, as coisas mudaram: os pretendentes à vida espiritual escassearam-se. Muitos devotos, que estavam vivendo nos ashrams casaram-se e assim houve um esvaziamento dos templos. Hoje em dia, são bem raros os casos de jovens que se juntam ao movimento. Qual seria a principal causa disso?

A meu ver, o que mais influenciou na mudança de mentalidade dos jovens de hoje foi o surgimento da era da informática. As novas tecnologias tornaram-se muito atrativas. Diante de um monitor, o jovem pode identificar-se com o super-herói de um vídeo-game ou, através Internet, ter acesso às coisas mais excitantes que acontecem no mundo. O bate-papo no Orkut pegou a cabeça da rapaziada. Horas que poderiam ser dedicadas ao estudo e às coisas sérias são desperdiçadas em papo furado e futilidades.

No reino da informática, o mundo virtual é tido como sendo mais interessante que o mundo real. O pouco contato que se tem com a Natureza é só para curtir. Dois ou três dias acampados numa praia de surf, no máximo. Ou então, pela prática de certos esportes radicais que se utiliza da Natureza sem ter o mínimo respeito por ela. Conhecimento da Natureza?... Quase que exclusivamente através do Descovery chanel. Sentado numa poltrona confortável, pode-se conhecer detalhes da vida íntima dos pingüins da Antártida ou das espécies em extinção nas estepes da Mongólia, mas não se é capaz de distinguir uma goiabeira de um abacateiro, o que dizer de botar a mão na terra. Vida no campo é vista por essa rapaziada alienada como coisa retrógrada e primitiva. Vida interessante está nos shoppings, nas academias de malhação, nas discotecas, nos points. A cultura do corpo virou uma verdadeira religião. Com um pit-bull do lado, sente-se como se fosse um “semideus”. As aparências e as roupas de grife são valorizadas. Quanto aos ídolos, os rock-stars. Tatoos fantasmagóricos, preguinhos por todo corpo e grandes furos na orelha. Tudo isso de um gosto estético duvidoso, mas com um intuito infantil de ser diferente dos padrões normais. O caso é que quando milhões querem ser diferentes do mesmo jeito, o “diferente” fica massificado, e vira então um padrão convencional. Em suma, prevalece entre os jovens que entraram de cabeça no consumismo uma tremenda consciência mundana e materialista. Esse é o quadro atual.

Outra coisa que influenciou sensivelmente os hábitos foi a telefonia celular. Hoje em dia, todos têm seu celular e são, dessa forma, facilmente rastreados pelos familiares e amigos, coisa que não acontecia antes. Com isso, pelo menos, podem ser mais controlados. De certo ponto de vista, isso é bom, pois, para os pais, vale sempre o aviso: “Adote seu filho, antes que um traficante o faça.” Mesmo assim, com essa e outras facilidades de comunicações, a maioria das tentativas de livrar os jovens das drogas têm se resultado infrutíferas. O consumo de drogas aumenta dia a dia. Está presente em todo lugar: tanto nas favelas e redutos de marginais na periferia, quanto nas áreas chiques da cidade e no meio considerado “educado” da sociedade. Um dos mais fortes centros de drogas são as universidades Muitos jovens já não concebem um mundo sem drogas.

Desenvolver as potencialidades

O fato consumado é que, hoje em dia, o jovem é muito mais reticente em optar por uma proposta alternativa do que antes. Ele é programado para se ajustar totalmente ao sistema. Essa é, praticamente, sua única opção. A meta máxima da vida dentro do sistema é ganhar muito dinheiro e curtir ao máximo. Todo estudo visa alcançar essa meta. A maioria, no entanto, não consegue alcançar esse “ideal”. As oportunidades de se conseguir altos salários são bastante limitadas. A saída, então, para muitos, é geralmente a mesma: fazer um concurso público e conseguir um emprego burocrático, não importa qual seja, para ter, pelo menos, um dinheirinho para cobrir as despesas. Aí se pode respirar aliviado por algum tempo e procurar achar alguma felicidade na mediocridade...

Nesse ponto, quero deixar bem claro, que não quero ofender ou desmerecer ninguém, muito menos aqueles que são funcionários públicos e burocratas. Sei muito bem que existem milhares de circunstancias às quais não se pode fugir e assim todos tentam moldar e ajustar sua vida com o que se apresenta. A maioria não teve nenhuma chance para optar. Já está tão envolvida com o sistema que não dá mais para se desligar dele. Portanto, aqueles que, porventura, estão enquadrados no sistema, por favor, não me levem a mal. Conheço pessoas que vivem vidas dignas e produtivas dentro do sistema. Conheço, no entanto, muitas outras, que são insatisfeitas e só reclamam.

O intuito desse ensaio é encontrar os jovens que ainda não se envolveram com o sistema e oferecer-lhes uma opção de vida. Se não houver uma opção digna e progressista, eles serão fadados a serem pessoas infelizes, como muitas que conhecemos. Sempre reclamando de tudo. Não adianta simplesmente um “canudo” na mão ou um dinheirinho no banco. Se quisermos ser realmente felizes, é necessário sentir que a vida tem um significado, que a minha atividade proporciona meu crescimento como pessoa e que estou contribuindo para um mundo melhor.

Temos que criar condições para desenvolver nossas potencialidades latentes. O governo e os patrões não estão muito interessados nisso. O governo quer manter as pessoas submissas e ajustadas ao sistema, para serem bons consumidores e bons pagadores de impostos. Os patrões só pensam em ganhar mais dinheiro. Não estão preocupados em promover o desenvolvimento da consciência e as potencialidades de seus empregados. Isso deve partir da iniciativa individual. Para aqueles que almejam fazer de seu desenvolvimento pessoal seu projeto de vida, a melhor coisa é buscar um modelo adequado para esse fim. Todo jovem deve ter essa oportunidade.

O fantasma do desemprego

Uma das coisas que mais preocupam um jovem formado é a competição no mercado de trabalho. O fantasma do desemprego vive sempre rondando. Muitos não conseguem nem começar a vida profissional! Se para aqueles que aproveitaram bem os estudos da universidade já é difícil arranjar um emprego, o que dizer dos relapsos que estudaram somente para passar. Uma fisioterapeuta bem competente e bem sucedida na profissão disse-me que dos cinqüenta de sua turma, somente dez, no máximo, tinham condições de tornarem-se bons profissionais. Ao comentar esse dado com outro jovem formado, ele disse: “Dez numa turma de cinqüenta já é um ótimo resultado. Na minha turma, somente dez por cento conseguiram colocação profissional satisfatória”. Outro devoto contou que seu primo é uma pessoa muito inteligente e sempre foi um estudante exemplar. Formou-se em jornalismo há cinco anos, mas não consegue, de jeito nenhum, arranjar o emprego que sempre sonhou na carreira jornalística. Até agora conseguiu somente sub-empregos. Está desiludido. Pensa fazer uma outra faculdade para ver se pode ter mais chance em outra profissão. Recentemente, conheci um jovem formado em Biologia. Perguntei o que fazia e ele me disse que, durante o verão dá massagem nas praias de Santa Catarina e durante o ano trabalha numa loja no shopping. Casos como esses são o que há de mais comum.

Hoje em dia, em todo lugar, mesmo em cidades pequenas, proliferam as faculdades particulares. Qualquer um pode achar, sem grandes problemas, uma faculdade para conseguir seu diploma. Isso não é difícil. Alem disso, existem cotas para pobres, cotas para negros, etc. São milhares e milhares de economistas, biólogos, advogados, pedagogos, filósofos, etc., que entram no mercado de trabalho anualmente. Será que existe emprego para todo esse povo? Quanto mais candidatos a empregos, menores salários. É isso que os patrões querem. Hoje em dia, funcionários antigos das empresas vivem morrendo de medo de serem despedidos para darem seu lugar a recém-formados com salários pela metade. As oferta de mão de obra estão sobrando... Essa é a lógica que governa atualmente o mercado de trabalho. Isso está criando uma tremenda paranóia na cabeça das pessoas: o pavor de ser despedido do emprego. Por que arriscar entrar num sistema tão disfuncional e desumano como esse? Por que se deixar seduzir por esse engodo? Temos algo muito melhor em mãos.

Os “free lancers”

Para os incompetentes somente resta os sub-empregos. É um fato de que quem não se prepara devidamente não tem nenhuma chance de conseguir um emprego satisfatório. Essa é a turma dos “free lancers”. Arranjam um trabalhinho aqui, outro ali. Vendem algumas coisinhas, fazem algum serviço de moto-boy, trabalham por algum tempo numa lojinha de shopping, arranjam um “bico” para carregar equipamentos numa filmagem ou num festival de rock, etc., mas nunca se firmam em nenhuma atividade. No Rio, por exemplo, está cheio dos tais “ratos de praia”, como são chamados, queimadões o ano todo. Malandros. Isso quando não caem no tráfico de drogas, que é o recurso mais fácil de ganhar dinheiro. Quantos marmanjos estão por aí vivendo à custa dos pais!!! Comentando isso com um jovem da zona sul do Rio, ele disse simplesmente isso: “Ih! Conheço um monte deles...” A crua realidade é que para muitos desses desempregados ou malandros, a única esperança é herdar os espólios dos pais, para ter algum lugar onde cair morto. Muitos jovens tratam de sair do país, buscando facilidades para ganhar dinheiro. Uns conseguem visto para os Estados Unidos e lá, arranjam bicos ordinários, como entregadores de pizzas, faxineiros, balconistas, etc. A coisa mais humilhante é que muitos dos que estão mendigando as esmolas nos paises de primeiro mundo, sujeitando-se a empregos medíocres, tem um canudo de ensino superior na mão.

Inteligência, esperança e fé

Por tudo isso que foi dito, e por tantas outras coisas, é que nós desconfiamos das “atraentes” propostas oferecidas pelo sistema. Nossa proposta é bem mais modesta. Estamos ainda criando e estruturando nossas bases. Não temos ainda nada definitivamente estabelecido. Tudo está ainda no começo. Temos, contudo, um modelo, que foi estabelecido por Srila Prabhupada, baseado em princípios da cultura védica e, sobretudo, no bom senso. Temos que confiar também na nossa inteligência e ter esperança e fé de que podemos organizar um sistema alternativo paralelo baseado em princípios éticos e espirituais. É isso que Srila Prabhupada espera de nós.
Continua


© Copyright 2006
Todos os direitos reservados